Já não há infinitamente grande em parte nenhuma, excepto dentro de nós.
É preciso que cada passo que damos, cada portão de embarque que passamos, cada rua e rio que atravessamos nos distraia em vez de nos prender. É necessário bloquear a memória e os sentimentos, usando a velocidade do vento, os pés que andam, as paisagens que passam, para ir.
Ir sempre, ir contra tudo o que nos quer fazer voltar, ir contra a obrigação, ir contra a memória, ir contra a saudade, ir contra o reconhecimento.
É preciso praticar a política da terra queimada da memória, queimar os barcos e todas as pontes. Mas não só por detrás de nós, também pela frente. Ir sim, mas para não ir a lado nenhum, porque todos os lados são o mesmo lado.
Viajemos pois… como se pudéssemos ter outro destino senão a abertura do horizonte ou o fim do arco-íris.
Paulo Varela Gomes