Estreia a 29 de Maio de 2010 – Centro Cultural de Belém, Lisboa
Coprodução: Centro Cultural de Belém

A minha Sagração
O tempo parece não ter passado desde a polémica estreia de Nijinsky/Stravinsky.
Mas o tempo passou e a obra perdura no nosso imaginário cultural. O fascínio e respeito pela partitura foram determinantes para a minha interpretação, construção dramatúrgica e coreográfica da peça. A fidelidade ao guião de Stravinsky foi, desde o início, o único caminho com o qual me propus confrontar.
No entanto, dois aspectos se distanciaram do conceito original. Visões personalizadas que imprimem à história numa lógica mais possível à minha compreensão, mais aprazível à minha manipulação. Em primeiro lugar concedi ao personagem do Sábio um protagonismo invulgar, sendo ele que inicia a peça. Ainda em silêncio e durante todo o Prelúdio habita o espaço solitário e vazio traçando nos seus gestos um percurso de premunição, antecipação e preparação do terreno para o ritual. A segunda opção, que se distancia drasticamente do conceito original, reside no facto de o personagem da Eleita não ser tratada como uma vítima no sentido dramático da questão. A minha Eleita sente-se uma privilegiada e quer dançar até sucumbir. Em nenhum momento se sente obrigada ou castigada nem o medo a invade. Ela expõe a sua força e energia vitais lutando cegamente contra o cansaço.

Olga Roriz. 10 Maio 2010.

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Direção e coreografia
Olga Roriz
Intérpretes
Marta Lobato Faria/São Castro (Eleita)
Jácome Filipe (Sábio)
Adriana Queiroz, Alba Fernandez, Carla Weissmann,
Catarina Câmara, Charlotte Goesaert, Eunice Freitas,
Liliana Garcia, Marlene Vilhena, Marta Lobato Faria,
Rafaela Salvador, São Castro, Bruno Alexandre,
Bruno Alves, Filipe Baracho, Hugo Goepp,
Hugo Martins, Jácome Filipe, Pedro Santiago Cal,
Ricardo Machado, Ricardo Teixeira, Yonel Serrano
Música
“Le Sacre du Printemps”, Igor Stravinsky
Interpretado pela Orquestra Metropolitana de Lisboa dirigida por Cesário Costa
Cenário
Pedro Santiago Cal
Figurinos
Olga Roriz e Pedro Santiago Cal
Desenho de luz
Clemente Cuba
Ensaiadora
Sylvia Rijmer
Professores
Teresa Rainieri, Victor Garcia
Sylvia Rijmer, Jácome Filipe
Assistente de direcção
Laura Moura
Assistentes de cenografia e figurinos
Maria Ribeiro e Miguel Justino
Montagem e operação de luz
Daniel Verdades
Operação de som
Miguel Mendes e Nuno Oliveira
Diretor de produção
Pedro Quaresma
Secretariado e produção
Teresa Brito

Premiere on May 29, 2010 at Centro Cultural de Belém, Lisbon

My Rite

Time seems to have stopped since Nijinsky/Stravinsky’s controversial debut of the Rite of Spring.
But time has gone by and this work plays an important part in our cultural imagination. My fascination and respect for the score were decisive in my interpretation, dramaturgical and choreographic construction of the performance. Remaining faithful to Stravinsky’s score was, from the outset, the greatest obstacle and one I set out to overcome.
Two aspects were however somewhat distanced from the original concept: customised visions that make the story easier for me to understand and more pleasant to adapt. I gave the Sage an unusual role, that of beginning the piece There is silence throughout the Prelude and he makes the empty and solitary space his own, taking us on a journey through his gestures, premonitions, the anticipation and preparation of the ground for the ritual. The second option, which distances itself dramatically from the original concept, is that the character of the Elect is not treated as a victim in the dramatic sense of the word. My Elect feels privileged and wants to dance until she succumbs. At no time does she feel she has to do something nor is she punished. Fear does not overwhelm her. She shows her living strength and energy by struggling blindly against fatigue.

Olga Roriz | May 10th, 2010