Estreia a 29 de Abril de 2016, Centro Cultural de Ilhavo
Por onde reabrir caminho, qual o tema, a terra, o objetivo? À procura de nós, dos nossos detritos.
Em frente… sempre em frente não olhar para trás. Olhos fechados sem querer pensar, o frio, o medo do frio, a fome.
Ali em lugar nenhum, lugar perdido, duro, rasgado.
Ali, o lugar da ânsia do desconhecido. Memórias de estômago vazio.
A escuridão, o corpo colado a outro corpo e a outro e a outro…
O filho de encontro ao peito, cobertor às costas e malas, sacos, bonecos, entre uma outra pequena mão de carne e osso.
Pés devastados, pisados de cada poeira. As pedras…
O céu espesso, um céu aberto e a cabeça a estalar. Já não se sabe da dor, já se perdeu a ira.
A dúvida, a insegurança e a pequenez cansa.
Perdido o mínimo poder, perdida a dignidade, cansa.
Demolida a última réstia de humanidade, cansa.
E porquê eu?
Olga Roriz
Out. 2015